Para nossa viagem de outubro e novembro de 2012, Portugal foi o segundo destino escolhido, o primeiro foi Madrid (post “Madrid”).Chegamos a Lamego, vindos de Salamanca, dia 16/10 pela manhã.
Lamego fica perto de Peso da Régua, na região do Alto Douro Vinhateiro. Trata-se de uma região lindíssima, com paisagens exuberantes e serpenteadas pelo Rio Douro.
Como estava cedo, resolvemos seguir até Amarante para almoçar no Restaurante Casa da Calçada, que tem uma estrela no Guia Michelin (*).
O restaurante faz parte do hotel do mesmo nome (Casa da Calçada Relais e Chateaux).
Na definição do próprio hotel, “é a escolha ideal para uma escapadela romântica ou como base luxuosa a partir da qual explorar a região.”
Fomos surpreendidos pela excelente qualidade e serviço do restaurante. Houve dois agrados de “boas vindas” do Chef.
Pedimos Bacalhau a 70° com arroz cremoso de Alcácer do Sal e sapateira (lagosta), caranguejo casca mole em pão Panko e infusão de bacalhau. De sobremesa, framboesas frescas e em sorvete com telhas de citrinos, mousse de mascarpone e doce de ovos. O vinho estava excelente: um tinto Quinta do Vale do Meão.
Pedimos também o menu do dia: creme de favas com bacon, medalhão de touro com batatas rosti e creme de cogumelos. De sobremesa, pão de ló com creme e ameixas e sorvete de queijo azeitão.
No mesmo dia fizemos uma visita à Quinta do Seixo, perto de Pinhão. É de propriedade da Sandeman, que por sua vez faz parte do Grupo Sogrape, que tem empreendimentos vinícolas em Portugal, Espanha, Chile, Argentina e Estados Unidos.
Ficamos hospedados na pousada Casa Relógio de Sol, que fica na Quinta de Tourais 5100-424 Cambres, telefone +351 914 847 709. Fomos muito bem recebidos pelos proprietários – José Antonio e Carla. A pousada é pequena e possui um charme rústico e caseiro.Voltamos para Lamego. A estrada é maravilhosa. Ela serpenteia o Rio Douro o tempo todo. É possivel visualizar o rio e os graciosos vinhedos plantados em escalas nos terrenos extremamente acidentados. Em razão dos vários tipos de castas de uvas, as cores variam entre o rosado, o verde e vários tons de vermelho.
O caminho para a vinha é majestoso. Sinuoso e ascendente, com visão, abaixo, do Rio Douro, e acima, das vinhas coloridas em seus patamares.
A vindima havia se encerrado há alguns dias, mas foram boas as explicações sobre as diferenças entre os vários tipos de Vinho do Porto.
A visita se encerrou com a degustação de 3 vinhos de mesa e de 5 Vinhos Porto. Branco, rubi, tawny e vintage.
No caminho de volta jantamos no Restaurante DOC, em Folgosa do Douro, do Chef Rui Paula. Muito bom. Valeu a pena. Ambiente lindíssimo à beira do Douro. Pedimos Leitão Crocante com batata galette e legumes torneados. O outro prato foi Bacalhau com Broa de Centeio e Batatas ao Murro. Dos deuses! Continuamos em direção a Pinhão. Achamos a estação ferroviária linda, possui decoração em azulejos do século XVII.
Fomos recebidos pelo simpático proprietário Cristiano Van Zeller. Explicou-nos todo o funcionamento da vinha e do processo de fabricação. A vindima estava em seu término, mas ainda tivemos sorte de pegar o último lote ainda em produção. Foi possível fazer a primeira prova logo após a saída da fermentação.
É uma vinha pequena na qual ainda se utiliza a pisa (as uvas são maceradas com pés) no início do processo de fabricação. Ao final degustamos um vinho branco, três tintos e um do Porto. Gostamos muito dos tintos “Lemos e Van Zeller Curriculum Vitae (CV)” safra 2010 e do “Quinta do Vale D. Maria” safra 2009. Fizemos encomendas de vinhos da safra de 2009 (CV) e 2004 (Quinta).
O dia seguinte – 17/10, amanheceu chuvoso. Após o café da manhã demos uma passada no centro histórico de Lamego, fotografamos o Santuário nossa Senhora dos Remédios. Para chegar ao topo do santuário sobe-se 600 degraus. Logo depois visitamos a segunda vinha do roteiro: Quinta do Vale D. Maria.
Nesse dia almoçamos no Restaurante Castas e Pratos, em Peso da Régua, que tem uma boa relação custo beneficio.
Antes de seguir para o Porto, vistamos a Casa de Mateus, em Vila Real.
Trata-se de uma visita interessante sob o ponto de vista histórico. A casa foi edificada durante a primeira metade do século XVIII pelo 3º Morgado de Mateus, António José Botelho Mourão. O seu traço arquitetônico é atribuído ao arquiteto italiano Nicolau Nasoni.
Para nós brasileiros a Casa de Mateus tem um significado especial.
Antonio de Souza Botelho Mourão, o 2° Morgado de Mateus, foi governador de São Paulo entre os anos 1765 e 1775, nomeado pelo Marquês de Pombal.
A Casa de Mateus empresta a imagem a um dos mais populares vinhos portugueses, o Mateus Rosé, fabricado pela Sogrape.
No mesmo dia chegamos ao Porto e nos hospedamos no Novotel Gaia.
A Feira de Barcelos é famosa. A parte boa da feira é representada pelas frutas, verduras e demais itens comestíveis. São legais também as bancas de cerâmica portuguesa e dos famosos Galos de Barcelos, símbolo de Portugal.
No dia seguinte (18/10), fizemos um passeio por Póvoa do Varzim, Barcelos, Braga e Guimarães. O tempo estava bem nublado. Póvoa é uma cidade praiana que deve ser bem frequentada no verão.
Guimarães se orgulha de ser o “berço de Portugal”. O Condado Portucalense, origem do país, foi fundado na então “Vidimaranes”. Aliás, até hoje eles se intitulam “vidimaranenses”.
Toda essa história pode ser conhecida no Paço dos Duques, belíssimo castelo que é o cartão postal da cidade e o ponto turístico mais visitado.
Em seguida visitamos a Vinícola Luís Pato, em Amoreira da Gândara. Tivemos muita sorte. Além do excelente atendimento da Sara, fomos recebidos pelo próprio Luís Pato, que havia acabado de chegar da Bélgica e no dia seguinte iria para a Tailândia.
Ele é um verdadeiro embaixador de Portugal na divulgação do pais e dos seus vinhos. Aprendemos muito com ele sobre os vinhos portugueses e, por incrível que pareça, até sobre os vinhos e espumantes brasileiros. O Brasil é o principal mercado da Vinícola Luís Pato.
Quando degustávamos o espumante Rosé Brut, ele disse que era um ótimo acompanhamento para o famoso “leitão da Bairrada”, região onde estávamos. Perguntamos onde poderíamos achar essa iguaria, e nos indicaram um excelente restaurante da região. Tão simples que pode ser classificado entre um boteco e um restaurante. Fomos para lá em seguida.
O Restaurante Mugasa está em uma vila chamada Fogueira, próxima a Amoreira da Gândara. O ambiente é simples, mas a comida é feita no capricho. Esperamos cerca de uma hora para que o leitão ficasse pronto, mas valeu cada minuto. Estava crocante e com um tempero magnifico.
A quinta-feira (19/10) estava com tempo muito bom. Pela manhã conhecemos Aveiro e sua famosa ria, canal que lhe dá a fama de Veneza portuguesa. Aproveitamos para saborear os “ovos moles de Aveiro” e o “pão de ló de Ovar”. Ovar é uma cidade vizinha a Aveiro.
À tarde fizemos uma visita às caves da Adriano Ramos Pinto, a empresa que divulgou o Vinho do Porto no Brasil, no início do século passado.
Ainda foi possível visitar a Torre dos Clérigos e o Café Majestic, excelente opção para um chá ou lanche da tarde. Melhor ainda por estarmos na companhia da Ariadne, que havia chegado a Porto naquela tarde.
O sábado (20/10) estava reservado para o Cruzeiro “Escapadinha no Douro” Porto/Régua/Porto, pela empresa Rota do Douro, com café da manhã e almoço a bordo. Embarcamos no Cais do Freixo às 9:45h. Foi uma viagem super tranquila e relaxante. Em algumas partes da viagem o cenário era composto pelas vinhas plantadas em terraços ou em patamares.
Subimos duas eclusas, a primeira com 14 metros e a segunda com 35 metros.
Desembarcamos no Cais da Régua por volta das 16:30h e fomos direto para a Quinta do Castelinho, para visita e degustação de vinhos. Retornamos a Porto de trem (comboio), chegando por volta das 21:30h.
O domingo (21/10) amanheceu com tempo excelente. Visitamos o Centro Histórico do Porto, a Sé e as ruas medievais próximas. Em seguida fomos ao Palácio da Bolsa e à Ribeira – excelente lugar para passear em um domingo pela manhã. Almoçamos por ali mesmo, no Restaurante Ora Viva. No almoço recebemos a visita do Tiago Schwingel, filho da nossa amiga Inês, que está estudando e morando em Porto por um ano.
Depois de deixar a Ariadne no aeroporto, nos despedimos de Porto e fomos para Lisboa. São cerca de 320 km vencidos em aproximadamente de 2 horas e meia em uma excelente autoestrada pedagiada (ou, como dizem em Portugal, com portagens).
(*) Guia Michelin: guia de referência de hotéis e restaurantes presente na maioria dos países europeus e outros vários no mundo. Classifica os restaurantes com estrelas (de uma a três). É o mais respeitado guia gastronômico do mundo. Ganhar estrela nesse guia traz prestígio e reconhecimento ao restaurante e ao Chef.
Veja os demais posts da viagem:
Vale do Douro, Minho e Porto – Portugal
2 Respostas para "Portugal - Vale do Douro, Minho e Porto"
Ivone Santiago 08/11/2012 (01:58)
Essa foi a melhor parte da viagem. Tudo fica bom quando você está junto. Beijos. Te amamos.
lady.santiago 07/11/2012 (19:08)
Ai que lindo! Li esse inteirinho, viu? Deu muita saudade 🙁 Amo demais voces!