Viajar é bom demais! E com boas companhias então é melhor. Eu e o Silas saímos com destino ao Egito, Jordânia e Israel com mais dois casais de amigos com os quais viajamos juntos desde 2007. Durante uma viagem já planejamos a próxima e assim seguimos felizes. Todos participam da organização. Temos o guia, os que escolhem os hotéis/restaurantes, e até um fotógrafo dos bons para registrar as paisagens e as poses. Aproveito para informar que as fotos desta postagem foram tiradas por mim ou pelo Silas e por celular, muito aquém do profissionalismo do nosso amigo.
Cairo é a capital do Egito que considerando a sua região metropolitana tem aproximadamente vinte milhões de habitantes, sendo a maior cidade da África. Atualmente é uma mistura de história antiga e moderna. É um museu a céu aberto. Está encravada no meio de um vasto deserto e é cortada pelo rio Nilo. A minha memória de história e livros confirmaram o pouco que vi: pirâmides, tumbas, múmias, agito, as cores pálidas das construções, caos e a cultura árabe tradicional.
Na antiguidade os egípcios acreditavam nos Deuses Osíris, Hórus, Amon, Isis e outros. Hoje praticam o monoteísmo, e dão a Deus o nome de Allah, sendo noventa por cento da população muçulmana. A religião faz com que a cultura e os costumes sejam muito diferentes dos nossos. Senti a sensação de estar no passado, além dos monumentos que retratam a antiguidade, as regras sociais e os costumes estão congelados no tempo, a exemplo do papel da mulher na sociedade. Ouvindo a história e vendo como vivem hoje tive a impressão de que houve involução.
Eu e o Silas saímos de Guarulhos, São Paulo, à 01:30 h, do dia 3 de janeiro/2020. Fizemos conexão de duas horas em meia em Adis Abeba, capital da Etiópia, e chegamos no Cairo, Egito, à 01:20 h, do dia 4 de janeiro/2020. Voamos com a Ethiopian Airlines. Os nossos amigos fizeram um passeio pela França antes de nos encontrar no Cairo. O translado aeroporto/hotel foi feito pela Egypt World Tours, que contratamos para toda a viagem. Gostamos muito, os guias falam português, são simpáticos e com bastante conhecimento de história.
Escolhemos ficar hospedados perto das Pirâmides, no hotel Marriott Mena House, em Guiza, cidade metropolitana. Num primeiro momento foi muito bom chegar no hotel e ter as pirâmides quase que no pátio, pois elas são vistas da sacada do apartamento, dos restaurantes e da sala de café da manhã. No entanto, depois de visitá-las e precisar seguir por longos momentos no trânsito para chegar nos outros passeios, acho que preferiria ficar no centro da cidade e perto do Nilo para facilitar a locomoção para os demais passeios turísticos e também para sentir a energia da noite, conhecer restaurantes diferentes, etc.
No primeiro dia, logo pela manhã, conhecemos de perto as pirâmides de Gizé, Quéops, Quéfren e Miquerinos, a Grande Esfinge, o templo do vale do rei Quéfren e a cidade de Menfis. Após o almoço visitamos a Sakara.
As pirâmides de Gizé são as mais famosas do mundo. Quéops, Quéfren e Miquerinos formam o complexo das pirâmides de Gizé, sendo Quéops a maior delas. Dizem que foram construídas para abrigar os restos mortais dos faraós falecidos que governaram o Egito Antigo. Elas também serviam para guardar todos os itens que o faraó poderia precisar na vida pós morte, bem como os seus tesouros e suas histórias, que eram gravadas nas paredes das tumbas. A construção data de cerca 2700 anos antes de Cristo.
É possível entrar na pirâmide de Quéops para ver uma das tumbas, mas como sou um pouco claustrofóbica não entrei. Os que entraram, Edmar, Silas e Luciano, disseram que apesar do sufoco que se passa, calor e pouco espaço, vale a pena pelo conhecimento e curiosidade.
Os vendedores ambulantes e os que oferecem passeios de camelos irritam um pouco pela insistência em vender seus produtos ou serviços. Tivemos um bom suporte do nosso guia e passamos bem por essas situações.
A Esfinge é uma estátua de pedra calcária que representa o rosto de um faraó e o corpo de leão. Foi construída entre 2723 a.C a 2653 a.C. Fica próxima às pirâmides de Gizé. Lá sofremos o assédio de pessoas querendo tirar fotografias que brincam com a Esfinge ao fundo. Eu caí nessa e fui salva pelo nosso guia que nos ajudou sobre quanto pagar para o insistente “fotógrafo”.
Mênfis foi a primeira capital do Egito, fundada pelo faraó Menes. Era uma cidade cosmopolita com templos e palácios onde se destacam a residência do faraó e o Templo de Ptah. Lá está um moderno jardim arqueológico onde estão expostas estátuas, colunas e esfinge em alabastro.
Em Mênfis visitamos o museu dos papiros. Os artesãos contam a história e fazem uma demonstração de como é feito o papiro a partir da planta de mesmo nome. Difícil sair do museu sem comprar um exemplar. Além de lindos consegue-se um bom preço. Dizem que é o lugar mais indicado para quem quer comprar papiros.
O Templo do Vale do Faraó Quéfren é o único exemplo remanescente do Antigo Egito. Esse foi o faraó que construiu a segunda maior pirâmide de Gizé, a Pirâmide de Quéfren. No templo está o Colosso de Ramsés II, com 13 metros e 120 toneladas. Foi encontrado próximo ao Templo de Ptah em Memphis pelo arqueólogo italiano Giovanni Caviglia em 1820. Está muito danificado pelo tempo que ficou abandonado debaixo da água.
Almoçamos em um restaurante típico indicado pelo guia, no qual as padeiras ficavam na entrada do restaurante fazendo o pão pita, um pão macio e chato que geralmente acompanha molhos ou servem para embrulhar kebab ou falafel em forma de sanduíches. Os pães assados por elas foram servidos com os pratos que pedimos. Comemos de entrada uma sopa e salada. Como prato principal kafta de cordeiro e frango servidos em uma grelha com carvão.
Após o almoço nós seguimos para Sacara, mais um sítio arqueológico do Egito, que funcionou como necrópole/cemitério da antiga cidade de Mênfis que está a trinta quilômetros da cidade do Cairo. No sítio estão estruturas funerárias do período de 3000 a.C. a 950 d.C. A pirâmide de Sacara é considerada a primeira do Egito e foi construída pelo arquiteto Imhotep. À frente da pirâmide tem um pátio enorme onde eram celebradas as festas e rituais da época. Como todos os lugares do Egito é um lugar intrigante pelo gigantismo dos monumentos e da história.
A pirâmide mede cento e quarenta metros de comprimento, cento e dezoito metros de largura, sessenta metros de altura e foi construída com blocos calcários.
Para chegar até à pirâmide é necessário entrar em um enorme portal, seguir por um corredor rodeado por várias colunas, e ao final, encontrar a pirâmide onde está o sepulcro de Djoser, o segundo faraó da Terceira Dinastia do Império Antigo.
Terminamos o dia com um jantar no restaurante italiano Alfredo do Marriott Mena House Hotel.
No segundo dia nós saímos para visita ao Museu Egípcio do Cairo que alberga as joias encontradas na tumba de Tutancâmon; a Mesquita Alabastro na Cidadela de Saladino; Cairo Copto, onde se localizam as igrejas mais antigas do cristianismo – Igreja Suspensa, Igreja de São Sérgio, Sinagoga de Ben Ezra. Ao final fomos ao mercado de Kan El Kalili, o maior mercado do oriente médio.
O Museu Egípcio possui mais de cento e vinte mil peças de antiguidades egípcias e é o mais importante do Egito. Foi inaugurado em 1858 e fica num palácio localizado na praça Tahrir. Um passeio obrigatório para conhecer a história do Egito, as múmias, os tesouros do faraó Tutancâmon e outros. Nossa visita durou mais ou menos uma hora.
A Mesquita do Alabastro fica na Cidadela de Saladino, fundada em 1176 pelo líder muçulmano Saladino e foi sede do governo egípcio por quase setecentos anos. A mesquita foi construída entre 1830 e 1857, inspirada na nova mesquita de Istambul, e seguindo o modelo das mesquitas otomanas. No pátio está um relógio que foi entregue por Luís Felipe da França em troca do obelisco da Praça da Concórdia de Paris. Detalhe: o relógio nunca funcionou. Daqui se tem uma bela vista da cidade.
O Cairo Copta é um bairro da região antiga do Cairo onde ficam várias igrejas e sítios históricos. Consta que a Sagrada Família passou um tempo nessa região durante a fuga para o Egito. Teriam se estabelecido na Igreja dos Santos Sérgio e Baco, também conhecida como Abu Serga. No sótão da igreja está a casa onde Jesus, Maria e José teriam ficado hospedados/escondidos.
Os coptas são os egípcios antigos que se converteram ao cristianismo no século I e passaram a defendê-lo, formando um grupo étnico-religioso.
A Igreja Suspensa, também chamada Igreja Ortodoxa da Santa Virgem Maria, é uma das mais antigas da cidade, construída por volta de 690 a.C. Foi construída acima de uma antiga fortaleza romana.
Depois de ver muitas mesquitas pelo caminho, necrópoles, bairro cristão, etc., dá para perceber que o Egito realmente conta a história das civilizações, e que foram protagonistas de importantes acontecimentos na antiguidade.
A Sinagoga de Ben Ezra, também conhecida com a Sinagoga dos palestinos, está localizada no local onde o bebê Moisés foi encontrado. Nessa sinagoga foi encontrado, no século IX, um tesouro de manuscritos hebraicos seculares e sagrados que posteriormente foram levados para a Inglaterra. No momento em que estávamos visitando essa sinagoga acontecia um velório dentro dela. Foi estranho, pois atualmente não temos o costume de velar os mortos dentro de igrejas no Brasil.
Almoçamos em um restaurante bem rústico indicado pelo guia. Tínhamos falado com ele que queríamos comer boa comida típica e num lugar onde as pessoas comuns do lugar costumam fazer suas refeições diárias. Tirei uma fotografia da fachada do restaurante para entender o nome, mas não adiantou. Segundo o guia o nome é El Sheikh. Sabe aquele ditado: quem vê cara não vê coração. Então, é por aí. Foi uma surpresa boa, e os pratos eram fartos e gostosos.
Pedimos um prato típico e uma macarronada com carne moída, oferecidos pela casa: 1) Koshari – uma mistura de arroz com macarrão, feijão, milho, carne moída regado com um delicioso molho de tomate; 2) macarronada – penne com carne moída. A aparência e o gosto da carne moída é bem singular. Todos acompanhados de salada de tomates e pepino.
À tarde fizemos um passeio pelo mercado de Kan El Kalili, o maior mercado do oriente médio. Uma área comercial antiga com várias ruas estreitas e muitas pequenas lojas que vendem de tudo – especiarias, sapatos, roupas típicas, tecidos, joias, comida, ou seja, um gigantesco bazar aberto no centro da cidade. Muita gente, a maioria turista, indo e vindo pelas ruelas. Uma confusão gostosa de se ver. Homens vestidos com túnicas e turbantes negociam compras e vendas de mercadorias. Muitos outros ficam nas calçadas conversando ou fumando com olhar no agito.
O guia nos disse para tomarmos cuidado para não nos perdermos no mercado, e que também poderiam ocorrer furtos. Percebemos que a pechincha não funciona muito bem por ali. Em alguns lugares que tentamos não houve abertura para negociação como fazem em outros lugares.
Circulamos um pouco pelas ruelas estreitas do mercado e paramos para uma pausa no famoso café El Fishawi, que foi fundado em 1771 e é considerado o mais antigo café do Oriente Médio. Está localizado no meio do furdunço. Conseguimos mesa somente do lado de fora do café, onde ficamos assistindo o vai e vem dos turistas, locais e dos vendedores ambulantes – uma maluquice boa. Tomamos chá, café e uma bebida típica chamada Sahlab feita com leite, amido de milho/batata, mel, água de rosas ou baunilha, decorada com damascos secos picados, coco ralado, pistache, nozes e canela. Como em quase todos os cafés, a shisha ou narguilé está sempre presente e a fumaça rola solta.
Dali saímos para uma volta pela parte moderna da cidade e, depois de circularmos um tempo pelo trânsito caótico do centro, paramos no café Yanni para encerrarmos a tarde com bons drinks sem álcool e aguardar o jantar que faríamos no rio Nilo. Lembrando que no Egito não é comum encontrar bares, cafés ou restaurantes que servem bebidas alcoólicas.
Para o famoso jantar no Nilo contratamos a empresa Nile Maxim. O jantar foi uma experiência válida, mas cem por cento turística. O barco ficou ancorado por um bom tempo até todos estarem a postos. Depois deu uma pequena volta pelo rio Nilo enquanto serviam um jantar normal. O tempo total do evento foi de duas horas. Como atração teve música ao vivo e duas apresentações, com um dançarino de músicas típicas e com uma russa que fez a dança do ventre.
Ficamos dois dias inteiros visitando os principais pontos turísticos, o que achamos suficiente.
Foi muito interessante mergulhar na história antiga e ver tão próximo esses interessantes monumentos que estavam dentro do nosso imaginário vindo dos livros de história.
No dia seguinte saímos do Cairo com destino a Luxor, e de lá seguimos em cruzeiro de quatro dias pelo rio Nilo.
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